Por que antigamente quem bebia cerveja era forte e hoje fica gordinho e afeminado?
Por que antigamente quem bebia cerveja era forte e hoje fica gordinho e afeminado?
Você já ouviu dizer que, antigamente, quem bebia cerveja era “macho de verdade”, e hoje a bebida está associada ao ganho de peso e até a efeitos hormonais femininos? Essa percepção popular tem base histórica, química e nutricional — e está ligada à grande mudança na composição da cerveja: a introdução do lúpulo a partir do século XVI.
A origem da cerveja: quando ela era feita sem lúpulo
Antes do século XVI, a cerveja era uma bebida natural e altamente nutritiva. Ela era feita com uma mistura de cevada fermentada, mel, ervas amargas e especiarias. Essa combinação variava conforme a região, mas o sabor e os efeitos eram muito diferentes da cerveja moderna.
Os ingredientes mais comuns antes do lúpulo incluíam:
- Gengibre – estimulava a circulação e o vigor físico;
- Alecrim – fortalecia o sistema imunológico e aumentava a energia;
- Yarrow (mil-folhas) – ajudava na digestão e melhorava o humor;
- Dente-de-leão e camomila – usados como purificadores naturais do sangue.
Essas cervejas antigas eram conhecidas como “gruit ales” e continham compostos que estimulavam o metabolismo, o foco e a disposição — sem afetar negativamente os hormônios masculinos.
A chegada do lúpulo e a transformação da cerveja
Foi a partir do século XVI que o lúpulo (Humulus lupulus) passou a ser usado como ingrediente principal da cerveja. A substituição foi promovida por mosteiros e cervejeiros alemães e depois adotada em larga escala na Europa.
O motivo oficial? O lúpulo trazia amargor, aroma e maior conservação à bebida, permitindo que durasse mais tempo e fosse transportada sem estragar. Contudo, há registros históricos que apontam que a troca também tinha um efeito social: o lúpulo acalma, reduz o vigor e tem propriedades sedativas.
O que o lúpulo faz no corpo humano?
O lúpulo contém compostos chamados fitoestrógenos — substâncias naturais que imitam o estrogênio, o principal hormônio feminino. O principal deles é a 8-prenilnaringenina, um dos fitoestrógenos mais potentes conhecidos na natureza.
Em homens, o consumo constante e excessivo de cerveja com lúpulo pode:
- Reduzir os níveis de testosterona;
- Aumentar a tendência ao acúmulo de gordura abdominal;
- Diminuir a energia e o impulso sexual;
- Favorecer o crescimento de tecido adiposo na região peitoral (ginecomastia).
Por isso, muitos associam a mudança no perfil físico dos consumidores modernos de cerveja ao aumento do uso do lúpulo nas fórmulas comerciais.
Da cerveja de guerreiros à cerveja industrial
As antigas cervejas artesanais eram fermentadas de forma natural, com menos açúcar e mais ingredientes nutritivos. O consumo moderado trazia energia e força — por isso, a bebida era considerada alimento em várias culturas, inclusive entre monges e camponeses.
Já a cerveja moderna industrial passou a conter:
- Mais açúcares simples e carboidratos;
- Menos grãos integrais;
- Conservantes e estabilizantes químicos;
- Alta quantidade de lúpulo e álcool refinado.
Essa combinação gera um efeito metabólico oposto: em vez de dar energia, retém gordura, causa inchaço e altera o equilíbrio hormonal.
Por que o lúpulo foi adotado em massa?
Além da conservação e sabor, o lúpulo foi apoiado por motivos econômicos e religiosos. As autoridades medievais viam nas antigas cervejas com ervas um símbolo de liberdade e prazer. Já as bebidas com lúpulo tornavam os consumidores mais calmos, controláveis e menos propensos à euforia.
Assim, o uso do lúpulo foi institucionalizado e, ao longo dos séculos, tornou-se o padrão mundial da cerveja.
Como reverter os efeitos modernos da cerveja
Não é preciso parar completamente de beber para equilibrar os efeitos — mas é importante entender o que se consome e compensar os impactos metabólicos.
Dicas para equilibrar o consumo:
- Moderação: limite a ingestão a 1 ou 2 copos por ocasião;
- Hidratação: beba água entre as cervejas;
- Exercício físico regular para estimular a produção natural de testosterona;
- Alimentos ricos em zinco (como ostras, castanhas e ovos) ajudam a equilibrar os hormônios;
- Detox hepático com chá de dente-de-leão, cardo-mariano e gengibre.
Como fazer cerveja natural sem lúpulo (ou bebidas alternativas)
Para quem busca uma experiência semelhante à das antigas cervejas, é possível preparar bebidas fermentadas com ervas amargas naturais, sem os efeitos do lúpulo. Uma receita base inclui:
- 1 litro de água;
- 200g de cevada maltada;
- 1 colher de chá de gengibre ralado;
- 1 colher de sopa de mel;
- 1 pitada de alecrim e yarrow (mil-folhas);
- Fermento natural (ou kombucha como base fermentadora).
Após fermentar por 2 a 3 dias, obtém-se uma bebida levemente alcoólica, amarga e revigorante — muito parecida com as antigas “gruit ales”.
Como aplicar esses ingredientes em outras comidas e bebidas
Mesmo que você não produza sua própria cerveja, é possível usar os mesmos ingredientes para fortalecer o organismo:
- Gengibre e alecrim em sucos e chás energéticos;
- Mel fermentado com especiarias como substituto do açúcar;
- Dente-de-leão e camomila em saladas e infusões digestivas;
- Cevada tostada como ingrediente em cafés alternativos e panificados integrais.
FAQ – Perguntas frequentes sobre cerveja e hormônios
1. O lúpulo realmente afeta os hormônios masculinos?
Sim. O lúpulo contém fitoestrógenos, que podem influenciar os níveis hormonais se consumidos em excesso e com frequência.
2. Existe cerveja sem lúpulo no mercado?
São raras, mas existem versões artesanais chamadas “gruit ales”, comuns em pequenas cervejarias especializadas e em comunidades que resgatam receitas antigas.
3. Beber cerveja com moderação faz mal?
Não necessariamente. O problema está no consumo exagerado e na baixa qualidade dos produtos industrializados, ricos em açúcar e aditivos.
4. Posso fazer uma versão saudável da cerveja em casa?
Sim. Basta utilizar grãos fermentados com ervas amargas e especiarias naturais, sem adição de lúpulo, corantes ou conservantes.
Conclusão: consciência é o novo brinde
A cerveja sempre foi símbolo de celebração, mas sua essência mudou com o tempo. O que antes era uma bebida nutritiva e energizante, tornou-se um produto industrial cheio de aditivos e compostos que afetam o equilíbrio natural do corpo.
Entender essa transformação é o primeiro passo para fazer escolhas mais conscientes. Seja optando por versões artesanais, reduzindo o consumo, ou equilibrando a alimentação, é possível reverter os efeitos modernos e resgatar o verdadeiro espírito da cerveja: energia, convivência e vitalidade.
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