Sistema de Datas e Calendário no Livro de Enoque
O Livro de Enoque, especialmente em sua seção conhecida como Livro dos Luminares Celestes (ou Livro Astronômico, 1 Enoque 72–82), descreve um calendário solar, que contrasta com o calendário lunar tradicional usado pelo judaísmo posterior (como o calendário hebraico rabínico).
Sistema de Datas e Calendário no Livro de Enoque
1. Calendário Solar de 364 Dias
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O Livro de Enoque adota um calendário de 364 dias, dividido em:
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12 meses de 30 dias cada,
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Com quatro dias adicionais (intercalados ao final de cada trimestre), totalizando 364 dias.
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Cada estação (primavera, verão, outono, inverno) tem 91 dias.
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O ano é assim dividido em quatro trimestres de 91 dias (13 semanas).
2. Importância da Regularidade
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Esse calendário solar é considerado perfeito e regular, pois sempre cai nos mesmos dias da semana, mantendo a ordem das festas e rituais com precisão.
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O texto sugere que o uso de um calendário lunar introduz erro e desordem nos rituais, por isso é criticado.
3. Ciclos Astronômicos
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O livro detalha os movimentos do sol e da lua, com ênfase nos portões do céu por onde o sol e a lua entram e saem durante o ano.
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O ano começa no equinócio da primavera, segundo o livro, com o sol entrando pelo "primeiro portão do céu".
4. Influência Essênia e Qumran
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O calendário descrito no Livro de Enoque é semelhante ao calendário usado pela comunidade de Qumran (manuscritos do Mar Morto).
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Isso sugere que o grupo que produziu ou preservou o Livro de Enoque seguia uma tradição sacerdotal dissidente, contrária ao calendário lunar oficial de Jerusalém.
Comparação com o Calendário Judaico Tradicional
Elemento | Calendário de Enoque | Calendário Judaico Rabínico |
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Base | Solar (364 dias) | Lunissolar (354/355 dias) |
Meses | 12 meses + 4 dias | 12 ou 13 meses |
Estações | 4 estações fixas | Variam com os anos lunares |
Equinócio | Marca o início do ano | Não fixado no equinócio |
Conclusão
O Livro de Enoque promove um calendário solar fixo de 364 dias, visto como mais ordenado e fiel à criação divina. Essa tradição calendarial tinha implicações religiosas e rituais profundas, especialmente entre grupos apocalípticos e sacerdotais como os essênios. A rejeição do calendário lunar tradicional reflete uma crítica à autoridade religiosa de Jerusalém da época.